terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O Arminho


(Mustela erminea)

Ágil e corajoso, bom nadador e trepador, o arminho é um pequeno carnívoro da nossa fauna, muito semelhante à doninha. Mas, ao contrário desta, a sua presença só foi confirmada em Portugal em 1985, ocorrendo a Norte do rio Douro.

IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS

O arminho é um pequeno carnívoro pertencente à Família dos Mustelídeos. É semelhante à doninha (Mustela nivalis), diferindo desta por ter uma cauda mais longa, pela sua extremidade ser negra e pela linha que separa o dorso castanho do ventre branco ser sempre rectilínea, ao contrário da doninha em que é irregular.

Tem corpo cilíndrico e alongado, patas curtas, pescoço longo, cabeça achatada e triangular e as suas orelhas são arredondadas. A pelagem de Verão é castanho arruivada no dorso e creme no ventre, enquanto que no Inverno é parcial ou totalmente branca, excepto a ponta da cauda (negra). Muda o pêlo na Primavera e no Outono.

O macho é maior do que a fêmea, variando o comprimento do corpo entre 16 e 31 cm e da cauda entre 9,5 e 14 cm. O peso varia entre 200 e 445 g. Na Península Ibérica o comprimento total parece variar entre os 10 e os 18 cm e o peso entre 130 e 200 g.

DISTRIBUIÇÃO E ABUNDÂNCIA

Ocupa a maior parte da região Holárctica (Europa, metade Norte da Ásia e América do Norte) e em Portugal só foi encontrado pela primeira vez em 1985, no distrito de Vila Real. A sua distribuição no nosso país está restringida a Norte do rio Douro, estando descrita a sua presença no Parque Nacional da Peneda-Gerês, no Parque Natural de Montesinho e no Parque Natural do Alvão. A população existente em Portugal parece ser pouco abundante e a sua tendência populacional é desconhecida.

ESTATUTO DE CONSERVAÇÃO

Em Portugal esta espécie tem o estatuto de insuficientemente conhecida (K), ou seja, há falta de informação sobre a espécie, e pertence ao Anexo III da convenção de Berna (espécie parcialmente protegida, sujeita a regulamentação especial).

FACTORES DE AMEAÇA

Devido ao valor da sua pele, a captura de indivíduos sempre foi o maior factor de ameaça desta espécie. Para além deste, no nosso país, a alteração e destruição do habitat, a desflorestação e exploração florestal e a escassez de informação biológica e ecológica são outros factores extremamente importantes.



HABITAT

Habita todo o tipo de biótopos com alguma cobertura vegetal, desde o litoral até à montanha. Vive em florestas e matos aluviais muito húmidos (próximo de charcos e pântanos), florestas mistas, zonas de vegetação ripícola e terrenos agrícolas. Utiliza abrigos em buracos de árvores, fendas de rochas e por vezes as tocas das suas presas (roedores). Está bem adaptado a zonas com neve e nas regiões alpinas vive acima do nível das árvores (até 3000m).

ALIMENTAÇÃO

O arminho é quase exclusivamente carnívoro, sendo especialista em pequenos mamíferos. Alimenta-se sobretudo de roedores, lagomorfos (coelho e lebre) e aves. As fêmeas alimentam-se de presas mais pequenas, principalmente ratos do campo. Os machos alimentam-se preferencialmente de pequenos coelhos, lebres, aves e pequenos roedores. Em climas mais severos, o arminho (especialmente as fêmeas), caça muitas vezes debaixo da neve e alimenta-se praticamente só de pequenos roedores e de lemingues.

REPRODUÇÃO

O acasalamento ocorre entre Maio e Junho. Possui ovo-implantação retardada, que ocorre 280 dias depois da fecundação. A gestação real dura 21 a 28 dias e os nascimentos ocorrem entre Abril e Maio. Tem apenas uma ninhada por ano, da qual nascem entre 4 e 8 crias. O desmame ocorre às 5 semanas e as crias tornam-se independentes com 12 semanas, altura em que apresentam o comportamento típico de predadores. As fêmeas são sexualmente maturas com 5 semanas e os machos quando atingem 1 ano de idade. Pode viver até aos 10 anos, mas a média situa-se no ano e meio.

MOVIMENTOS

Alterna períodos de actividade (normalmente 10 a 45 minutos) e de repouso, tanto de dia como de noite. Move-se rapidamente, investigando todos os buracos e fendas e frequentemente coloca-se em pé, utilizando as patas posteriores, para analisar o meio envolvente. Nada bem e facilmente trepa árvores até grandes alturas, onde procura ninhos de aves e de esquilos. As tocas costumam ser em buracos nas árvores e em fendas entre rochas.

Os territórios dos machos variam entre 0.04 e 2 Km2, mas normalmente situam-se entre os 0.1 e 0.4 km2. A distância percorrida por caçada varia entre 1.3 e 8 Km. Fora da época de reprodução, fêmeas e machos defendem territórios independentes, mas nessa época as primeiras são tipicamente territoriais, enquanto que os segundos são mais errantes, com o seu domínio vital atravessando os territórios de várias fêmeas.

CURIOSIDADES

O arminho é visto por muitos agricultores como um exterminador importante de ratos nas quintas e, realmente, alguns estudos indicam que esta espécie tem de facto um papel importante no controlo das populações de roedores da região boreal.

Neste mustelídeo ocorre um fenómeno bastante curioso: as fêmeas juvenis são fecundadas ainda antes do desmame (ou seja, ainda quando estão no ninho) e até ao final do Verão todas as fêmeas estão fecundadas.



LOCAIS FAVORÁVEIS DE OBSERVAÇÃO

É uma espécie pouco abundante no nosso país e com hábitos muito esquivos, o que faz com que seja dificilmente observável no seu meio natural. Os seus dejectos têm as extremidades espiraladas e medem 4 a 8 cm de comprimento e 0.5 cm de diâmetro. São geralmente depositados nos muros e pedras ao longo dos trilhos que usa.

In: Naturlink

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O porto de abrigo


É vendo e presenciando cenários como este que percebo o porqué de querer regressar quase desalmadamente a este que sera sempre para mim um porto de abrigo, o local onde o tempo parece parar e que nos proporciona momentos únicos e inesqueciveis...
Poderia viver sem volta e meia ir ao Gerês?Poderia...mas não seria de todo a mesma coisa.
Ontem foi um breve passeio de carro pela Mata de Albergaria e pela Barragem de Vilarinho das Furnas, ainda não foi uma bela caminhada pelas serras Geresianas, mas para lá caminho...aos poucos...vou voltar ao mais belo cantinho do Mundo...

Texto e Fotografia: David Gonçalves